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O que querem os protestos?

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Por Ramiro Furquim/Sul21

Clique para ampliar | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Tudo. Os protestos querem tudo e… Como fazer para direcionar esse pessoal que se organiza nas redes e organiza protestos imensos como incrível rapidez? Quando eu era jovem, a gente marcava um comício ou um ato público. Estes eram temáticos e, para que pudesse ter gente, nós precisávamos criar panfletos, acertar o desenho e o texto da chamada, reescrever as palavras de ordem (ai, que saco), anunciar em salas de aula, distribuir nas ruas, etc. Não estou falando em tempos de ditadura, estou falando nos tempos das Diretas Já e depois. De tempos efêmeros em minha vida, pois hoje os protestos organizam-se abertamente nas redes sociais, e vai quem quer, não se sabendo o grau de comprometimento de cada um com a pauta inicial.

Pois não são só as passagens. É a frustração de não se ver representado na política, é a péssima qualidade de vida e do transporte em nossas periferias, é um Congresso cheio de personagens de opereta discutindo a cura gay e tantas outras bobagens, são leis novíssimas que são votadas e que já nascem anacrônicas, é a judicialização do estado, é a péssima imprensa — por que os protestos via de regra buscam a Rede Globo e a RBS? — que pensa que pode mudar o protesto para algo “contra a corrupção e a impunidade”, é a editora Abril e sua Veja fascista, são os bancos, são os índios assassinados, é a classe média e seus inarredáveis e incontornáveis probleminhas, é a classe C mais informada, é o mensalão na forma como foi vendido, são as polícias militares sem comando — pois os políticos ainda se cagam quando veem uma farda –, é inclusive a corrupção e a impunidade, mas é muito mais o Planalto desconectado, que vê os manifestantes como incompreensíveis mímicos e financia a mídia que sonha em matá-lo.

Ontem, a Globo trabalhava nas ruas sem os cubinhos nos microfones. Ontem, até o excelente Caco Barcellos foi ameaçado e impedido de trabalhar. Hoje, a grande imprensa providencia a divisão entre o “protesto sadio”, os “marginais” e a responsabilidade dos “formadores de opinião”, como se algum destes fosse confiável em tempos de ceticismo aberto e irrestrito. Enquanto isso, o PT está há mais de uma década no poder e ainda não compreendeu a importância da comunicação. Gente, são tempos maravilhosos. O país caminha bem, mas a economia só não basta. Desejam-se mudanças mais profundas. Talvez o sentido delas atenda pelos nomes de pluralidade, cidadania e Justiça Social.

.oOo.

Rápida fotografia dos manifestantes:

Minha filha Bárbara Jardim Ribeiro, com uma coragem que tira sei lá de onde, entrou na loja da Honda que estava sendo destruída na Azenha para dar mijada nos encapuzados:

— Vocês só fazem merda!
— Tu diz isso porque teve uma vida boa.
— O que tem a ver, cara?


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